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O Tríplice Propósito da Profecia



INTRODUÇÃO

A profecia, em si mesma, é uma revelação divina, pois trata-se de um oráculo vindo da parte de Deus. Quem profetiza está falando em nome do Senhor e, portanto, transmitindo ao povo a vontade divina. Os dons espirituais são para a edificação, exortação, consolação e santificação da Igreja.

I. OS DONS  ESPIRITUAIS

1. A situação em Corinto. Ao falar sobre os dons espirituais em 1 Coríntios 12 a 14, o apóstolo Paulo não introduz nenhum ensino novo na Igreja; a manifestação dos dons já era bem comum no meio do povo de Deus. Mas, posto que ocorresse abuso na prática dos dons espirituais, devido à inexperiência daquela igreja, que ainda enfrentava problemas de altivez espiritual (4.7,18) e dissensão (11.18), entre outros, o apóstolo foi constrangido e inspirado pelo Espírito a escrever aos irmãos coríntios, para que tais distorções fossem corrigidas.

Paulo trouxe um ensino muito importante sobre o assunto, esclarecendo as manifestações sobrenaturais do Espírito Santo. Ele conscientiza a igreja que todos os que receberam dons espirituais do Senhor podem e devem administrá-los com sabedoria, prudência e humildade.

2. Conceito (vv.4-6). Estamos diante de um assunto de extrema relevância para a edificação da Igreja e, por essa razão, ninguém deve desconhecer o tema ou sentir-se como os coríntios - ignorantes (12.1). A expressão grega que aparece em 1 Coríntios 14.1 é traduzida como "as coisas espirituais" e, no versículo 4, o apóstolo Paulo chama de charisma - dom - ou de ministério, no versículo 5, e de operação, no versículo 6. Isso revela a diversidade dessas manifestações, todavia, sempre mostrando que a fonte é uma só: Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que formam a Santíssima Trindade (12.4-6). As manifestações dos dons não devem ser usadas para ostentação, como vinha acontecendo em Corinto, pois "a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil" (12.7).

3. A lista dos dons e uma ilustração. Os versículos da Leitura Bíblica em Classe mencionam nove dons: palavra da sabedoria, palavra da ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas. Havendo intérprete, as línguas podem até ser uma forma de manifestação profética, cf. 14.5. Outros dons aparecem no versículo 28 e em Romanos 12.6-8.

Em seguida, a Bíblia ressalta que o Espírito opera segundo a sua vontade na distribuição desses dons (12.11). Ainda nesse mesmo capítulo (vv.12-27), o apóstolo ilustra o uso desses dons na Igreja, comparando a sua boa e ordeira utilização ao corpo humano, no qual cada membro tem uma função diferente e, mesmo assim, um depende do outro, sendo todos igualmente importantes. Na Igreja, que é o corpo de Cristo - "vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular" (v.27) -, não deveria ser diferente. O capítulo 12 encerra-se, ensinando aos crentes a buscarem os "melhores dons". Nesse momento, Paulo introduz o tema do capítulo seguinte, o amor, que ele chama de "caminho mais excelente" (12.31).

SINÓPSE DO TÓPICO (1)

Os dons espirituais devem ser administrados em prol da edificação da igreja, fato que não estava ocorrendo em Corinto.

II. A IMPORTÂNCIA DO AMOR

1. A relação entre a caridade e os dons (14.1). A maneira como Paulo escreve parece indicar que havia em Corinto uma competitividade na busca e utilização dos dons espirituais entre os crentes desta igreja (12.29,30). O capítulo 14 inteiro trata de dois deles: línguas e profecia. Em torno de ambos, havia muita indisciplina no culto.

Os coríntios tinham de entender que é Deus quem concede os dons, e cada um desses tem a sua importância no Corpo de Cristo. Portanto, eles não tinham de que se gloriar. Paulo, entretanto, incentiva os crentes a buscar os dons espirituais: "Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar" (14.1). A busca pelos dons, porém, deve ser feita com amor, não tendo como motivação a disputa; tudo tem de ser feito com decência e ordem.

2. A nulidade dos dons sem caridade. Os dons espirituais devem ser buscados com zelo e colocados em prática com amor. Profetizar, ou exibir qualquer das manifestações do Espírito Santo sem a prática do amor em nada resulta, afirma o apóstolo em 1 Coríntios 13.1-3.

3. A perenidade do amor. O amor é mais importante que os dons espirituais, pois ele nos acompanhará até mesmo no céu, ao passo que os dons espirituais são transitórios (13.8-10,13). Eles cessarão com o fim das atividades da Igreja de Cristo na terra.

SINÓPSE DO TÓPICO (2)

Os dons devem ser administrados sob o alicerce do amor, pois enquanto aqueles são transitórios, este é eterno.

III.  O DOM DE PROFECIA (14.3)

1. Edificação. Todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé dos mais fracos. Há certos grupos que, sem o conhecimento do pastor, reúnem-se em casas e põem-se a profetizar segundo o seu bel prazer, com o intuito de manipular a fé dos imprudentes. Não podemos esquecer-nos de que um dos principais objetivos da profecia é a edificação dos fiéis.

2. Exortação. A palavra original aqui para "exortação" é paraklesis, de onde procede o substantivo parákletos - "defensor, advogado, intercessor, auxiliador, consolador, conselheiro" - que Jesus empregou para referir-se ao Espírito Santo (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). O referido termo também é empregado para o próprio Cristo e traduzido por "advogado" (1 Jo 2.1). Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.

3. Consolação. A consolação pelo Espírito fortalece a fé, produz nova expectativa, renova a esperança e elimina os temores. Isso ajuda no fortalecimento e edificação da Igreja. Esse tríplice propósito do dom de profecia demonstra porque o apóstolo insiste e incentiva os crentes a buscarem essa dádiva celestial.

SINÓPSE DO TÓPICO (3)

O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo.

CONCLUSÂO
Problemas no exercício do dom de profecia na igreja são recorrentes; existem desde os dias apostólicos. Isso, no entanto, não é motivo para se desprezar a manifestação do Espírito Santo. O apóstolo Paulo, que lidou com tais problemas, nunca deixou de incentivar a busca do referido dom. Por conseguinte, não devemos desprezar as profecias (1 Ts 5.20). Que o Senhor nos abençoe e conceda-nos graça para vivermos nos domínios inefáveis do Espírito. Contudo, que todas as coisas sejam feitas "com decência e ordem", segundo a doutrina bíblica (1 Co 14.39,40).

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