Davi: um Homem Humilde de Coragem e Determinação
Por Russel Shedd
Davi irradia-se das páginas das Escrituras como um
modelo de liderança hábil. Mesmo antes de alcançar a idade normal de
maturidade, bravamente desafiou um urso ou um leão para recuperar uma ovelha de
sua boca (1 Sm 17.35). Com coragem inspirada pela fé no Deus Todo-Poderoso,
Davi pediu o privilégio de lutar com Golias. Embora não tivesse experiência de
batalha, nem treinamento especial, sentiu a confiança que somente Deus dá para
aqueles que ele seleciona para carregar o seu estandarte e enfrentar a morte
que o ameaçava. Combinado com uma aparente coragem imprudente, podemos
encontrar em Davi um homem que elevou sua lealdade de rei ungido de Deus para
um nível raramente visto. Não importa que Saul fora tão instável quanto a água,
ou que mentira constantemente por causa de seu medo invejoso e infundado de que
Davi estava conspirando para derrubá-lo. Mesmo sabendo que Deus o tinha
escolhido para substituir Saul como rei, Davi, ainda sim, apoiou o líder
constituído da nação.
Davi repetidamente demonstrou versatilidade nos anos
que fugira e escondera-se da ira mortal do rei Saul. Quer evitando a fome,
comendo o pão da Presença (lSm 21.1-9), fingindo loucura na presença de Áquis
em Gate ou cortando um pedaço da orla do manto de Saul
para provar que não tinha nenhuma intenção má, Davi consistentemente inspirou
confiança em seus seguidores e à nação, como um todo.
Uma dose impressionante de humildade coexistiu com a
coragem e a determinação de Davi. Quando a notícia da morte de Saul o alcançou,
ele deu um exemplo de tristeza genuína em seu ato, rasgando suas vestes,
pranteando, jejuando e chorando por seu inimigo caído. Quando o profeta Natã
repreendeu seus pecados de adultério e assassinato, não reagiu em fúria e
autodefesa, mas com uma convicção de coração partido e de arrependimento. O
Salmo 51 revela como Davi sentiu profundamente as feridas de sua consciência.
Qualquer líder que é inclinado a arrepender-se superficialmente não é digno de
sua posição como um modelo exemplar. Davi amou intensamente seu filho Absalão,
mesmo depois da desprezível rebelião que ele levantara contra seu pai. Joabe
sabia que Absalão não merecia viver, mas intensifica a aflição de Davi diante
da notícia de que o seu filho rebelde estava morto. O poder e a fama não
fizeram Davi insensível às outras pessoas.
Davi deu
valor à justiça. Considere a maneira que ele desafiou a prática de distribuição
dos despojos da batalha entre os homens. Ele se assegurou de que os homens
fracos recebessem um montante igual e justo.
Robert
Clinton desenvolveu idéias novas em relação à forma pela qual Deus desenvolve
líderes segundo o seu próprio coração. Eles são padrões que descrevem uma idéia
geral, providenciando uma estrutura, um tipo de esboço da vida de uma pessoa.
Primeiro,
de significado especial, são os traços da personalidade que fazem uma pessoa
ser o que ela é. Alguns traços são natos, e outros são formados através da
disciplina familiar e da transferência de valores.
Segundo, são os processos que movem uma pessoa ao
decorrer de sua vida. Os eventos, as pessoas e as circunstâncias afetam as
atitudes e produzem reações que as pessoas desenvolvem desde o nascimento até a
morte. Enquanto uma pessoa amadurece, ela aprende através da experiência e da
reflexão. A leitura, o estudo e a discussão afetam no processo que transforma
um jovem imprudente em um líder respeitado. Paulo adverte Timóteo para não
ordenar um irmão que seja “neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra
na condena~]ao do diabo " (1 Tm 3.6). Quando o processo necessário de
testes e de tropeços da vida são bem sucedidos, um líder em potencial pode
mover-se ao serviço sem colocar em perigo a vida do grupo.
Finalmente, é preciso considerar os princípios, isto
é, as verdades fundamentais que servem como as raízes de uma árvore ou os
alicerces de um edifício, mantendo-o firme em tempestades e terremotos. O
pastor Warren Wiersbe, antigo pastor da Moody Church em Chicago, e autor bem
conhecido, escreveu o seguinte sobre princípios: "Em relação à única coisa
que eu me lembro de uma das minhas aulas de seminário é uma estrofe de uma
poesia que um professor cansado apresentou no meio de uma aula monótona:
'Os
métodos são muitos,
e poucos os princípios.
Os métodos sempre mudam,
mas nunca os princípios'.
Aquela
convicção levou-me a uma vida incessante à busca de princípios, as verdades
fundamentais que nunca mudam, mas sempre têm um novo preceito atrás deles.
Aprendi avaliar homens e ministérios baseado nos princípios que os motivaram, e
também baseado no fruto que eles produziram".[1]
Uma liderança sem princípios é como um navio sem bússola. Liderança sem o processo de experiência é como um navio sem o capitão. Liderança sem um padrão é como um navio sem um destino ou porto seguro.
Davi demonstrara o padrão da sua vida nos Salmos. Como
um exemplo, veja suas palavras: "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te
busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como
terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a
tua força e a tua glória" (63.1-2). A inclinação de seu coração
repousava-se em Deus. Esta foi sua disposição, um ardente almejo da intimidade
com Deus, que é refletido em muitos Salmos compostos por Davi.
A biografia bíblica de Davi revela o processo pelo
qual Deus elevou esse jovem a uma estatura de proeminência mundial. Nos olhos
de seu pai era improvável que Davi se tornasse um líder da nação, tanto que
Samuel teve que perguntar a Jessé se ele não tinha outro filho que Deus pudesse
indicar como sua escolha. Não havia nem passado por sua mente que Davi pudesse
vir a ser ungido como o futuro rei de Israel (lSm 16.11-13).
O desempenho de Davi sobre a nação foi um modelo
criado pela sabedoria e poder aplicados ao governo. Entre os princípios
proeminentes exemplificados por Davi, o primeiro que podemos fazer menção é
integridade, incluindo as virtudes de honestidade e de veracidade. Enquanto
Saul tinha como características pessoais a desonestidade e a insegurança, Davi,
desde a sua mocidade, buscava vencer a tentação da hipocrisia e duplicidade.
Spurgeon estava certo quando disse a seus alunos ministeriais: "Um
ministro de Cristo deve ter sua língua, seu coração e suas mãos em
concordância".[2]
Segundo, a confiabilidade, uma faceta da integridade,
caracterizava-o. Davi fez da confiabilidade, uma regra para sua vida para
cumprir suas promessas. Lembre do caso de Mefibosete, filho de Jônatas, que
recebeu de volta toda a terra que pertencia a Saul, e comeu na mesa do rei (2Sm
9.7). Nestes dias em que manter promessas não é mais considerado uma obrigação
solene, as ações de Davi desafiam os cristãos de hoje a terem responsabilidade.
Terceiro, observe o princípio de justiça. O insensato
Nabal quase perdera sua cabeça por não reconhecer que a liderança de Davi
baseava-se em um senso vital de justiça (lSm 25), em vez de subornos,
favoritismos e "panelinhas". O general Joabe, que servira Davi tão
habilmente nas batalhas, mas que pecava na falta deste princípio crucial de orientar
sua vida pela justiça, finalmente perdeu sua vida como uma conseqüência da
falta de justiça.
Quarto,
note o princípio de humildade que fez de Davi um homem segundo o coração de
Deus. Quando três dos seus valentes romperam pelo arraial dos filisteus para
tirar água da cisterna que estava junto à porta de Belém, para que Davi
bebesse, Davi não bebeu da água (2Sm 23.15-17). Como um grande líder como foi,
Davi não se considerou digno de beber da água que foi tirada com o risco de
vida para satisfazer seu desejo caprichoso da água especial de Belém.
[1] Warren Wiersbe, "Principies"
in Leadership Magazine, Winter, Vol. 1, no. 1, 1980, p. 81, citado em]. R.
Clinton, The Making o/a Leader, Colorado
Springs: Navpress, 1988, pp.42, 43).
[2] C.H. Spurgeon, Lectures to My Studentes, G. Rapids: Zondervan, 1972 (em português:
“Lições aos Meus Alunos”, São Paulo, PES), citado por P. Borthwick, op cit, p.
27.
Fonte :Russell P. Shedd O líder que Deus usa Título original: Biblical Leadership The Leader God Uses
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