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O evangelismo nas ruas: uma reflexão!

Por Gutierres Fernandes Siqueira

Desde o início da minha fé evangélica e como pentecostal participei/participo de cultos evangelísticos nas ruas ou praças. É bem verdade que hoje estão mais raros. Há uma década cheguei a frequentar três cultos desse tipo em uma semana e hoje, infelizmente, esse intervalo é mensal.

Crucificação de são Pedro (1600) de Caravaggio
Pedro, um evangelista por excelência
É bem verdade que hoje tenho minhas dúvidas sobre a eficácia desse tipo de abordagem, mas também não a descarto, pois é melhor um culto na praça ou na rua vazia com pouco alcance do que uma congregação trancada em suas casas. E, também, como descartar um método secular sem propor algo melhor em troca? O pouco é melhor do que o nada. No entanto, o pouco também precisa ser melhorado constantemente. 

E aqui dou algumas dicas que julgo melhorar a comunicação do culto evangelístico:


  1. O tempo deve ser objetivo. Já participei de cultos na rua com 2h30 de duração. É muito tempo. O ouvinte não acostumado com o ambiente religioso ficará cansado e a comunicação será afetada. O ideal seria uma hora de culto. É tempo suficiente para uma boa mensagem e alguns louvores.
  2. Culto evangelístico não é show de calouros. Algumas igrejas usam esse tipo de culto para colocar todos os membros a falar ou a cantar. É quase um “treino” para a congregação falar em público. Isso é um erro grave. Não é incomum pessoas sem experiência de púlpito prejudicar a essência do culto com uma palavra fora de ordem. O culto evangelístico, também, não pode ser uma reprodução literal do culto dominical.
  3. O louvor precisa ser ensaiado. O louvor no contexto evangelístico não deixa de ser um meio de adoração a Deus, mas também serve como complementação da mensagem. O louvor precisa ser previamente escolhido e bem ensaiado. É necessário atenção com a letra cantada. É necessário entender que o ouvinte precisa absorver a mensagem cantada. Não há recursos para tal? Bem, escolha um bom CD para ajudar.
  4. O uso de corais. O coral de uma igreja também tem um papel importante no evangelismo de rua. É o tipo de apresentação que chama a atenção de qualquer transeunte. O uso da arte musical mais clássica ajuda e muito na comunicação evangélica. Outras artes (teatros, peças musicais, danças etc.) também ajudam, mas nunca podem- em hipótese alguma- substituir a pregação, pois a “fé vem pelo ouvir”.
  5. A pregação precisa ser clara. O texto escolhido não pode ser de difícil interpretação. A pregação não pode ser uma aula de exegese e nem abraçar uma superficialidade das mensagens de autoajuda. Os pontos centrais do Evangelho e o círculo “criação, queda e redenção” não pode ser esquecido. A pregação deve ser obviamente evangelística e não doutrinária ou, como já vi alguns fazendo, o ensino de tradições e tabus comunais como usos e costumes de uma denominação. A pregação evangelística, como toda pregação, deve começar em Cristo e acabar com Cristo.
  6. Não deve ser espaço para ataques diretos a outras religiões. O exercício da apologética deve ser visto como um meio do discipulado e não primeiramente como um método evangelístico. A conversão do homem vem pela simplicidade do evangelho e não pela complexidade da apologética. Mas não se pode evangelizar com apologética? Sim, pode. Mas esse processo deve ser bem trabalhado e dificilmente alguém terá sucesso em tal empreitada numa simples praça. O melhor ambiente para o exercício apologético é a universidade, que atualmente exerce o mesmo papel da ágora grega. E nunca nos esqueçamos: a apologética é defesa e não ataque.

Poderia citar outros conselhos, mas na minha opinião esses já ajudam na dispersão de ruídos na comunicação. E uma boa comunicação é essencial para a pregação do Evangelho.

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