Missões no poder e na direção do Espírito Santo
A realização da obra missionária não é algo que deva se fundamentar e confiar na capacidade humana e em planejamentos estratégicos desassociados do poder e da direção do Espírito. Qualquer tentativa de cumprir a missão sem a cooperação de Deus resultará em fracasso e frustração.
Antes de iniciar a sua missão, o próprio Senhor Jesus foi revestido do poder do Espírito:
[...] e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido. (Lc 3.22)
[...] como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele. (Atos 10.38)
A partir de então, e durante toda a realização da sua missão, Jesus foi guiado pelo Espírito, confiando plenamente em sua direção, mesmo se isso implicasse em enfrentar desertos e grandes tentações (Lc 4.1-13).
Foi no poder do Espírito que Jesus regressou para a Galileia, e lá ensinava nas sinagogas, curava e expulsava demônios (Lc 4.14-41).
Ao orientar os seus discípulos para a Grande Comissão, Jesus deixou claro que sem o poder do Espírito tal responsabilidade e privilégio não seriam alcançados. O historiador Lucas destaca a ênfase que Jesus deu ao revestimento de poder do Espírito em seu evangelho e na narrativa de Atos:
E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos. Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. (Lc 24.44-49)
[...] mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. (Atos 1.8)
O sucesso na realização da obra missionária está em obedecer ao Senhor. Os discípulos permaneceram em Jerusalém, até que no dia de Pentecostes, mediante o derramar do Espírito sobre eles, ficaram cheios do poder espiritual e de ousadia para testemunhar de Jesus (At 2.1-13; 4.33). Uma mensagem poderosa foi pronunciada por Pedro, resultando no arrependimento, na fé, e no batismo em águas de quase três mil pessoas (At 2.14-47).
O poder e a direção do Espírito continuaram norteando a missão, que em meio a intensa perseguição experimentava expansão e conversões. Os milagres, sinais e prodígios estavam bem presentes no cotidiano da igreja (At 5.12-16).
Em meio à grande perseguição que se levantou contra a igreja em Jerusalém, muitos foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria, indo por toda a parte pregando a palavra (At 8.1-4). Ganha neste momento evidência o ministério de Filipe em Samaria, que resulta em conversões, curas e libertações (At 8.4-13). O poder do Espírito é evidenciado em Samaria, e logo a sua direção na vida de Filipe se torna também manifesta ao ser ordenado a seguir para o lado Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza, estrada difícil, deserta e perigosa, uma rota alternativa para viajantes naqueles tempos (At 8.26). Filipe atende a orientação, abre mão das multidões e do grande despertamento espiritual em Samaria, e segue rumo a sua missão de evangelizar um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, que retornava de sua peregrinação a Jerusalém, e que lia, mas sem entender, o profeta Isaías (At 8.27-35).
A exposição de Filipe que anunciou-lhe a Jesus resultou na conversão e batismo do peregrino (At 8.36-39). Logo em seguida, pelo poder do Espírito se encontrou em Azoto e dali pôde testemunhar de Jesus em diversas cidades até chegar a Cesaréia (At8.40). Quando obedecemos a direção do Espírito na realização da missão, nosso ministério se expande nos níveis desejáveis por Deus. Não nos acomodemos em nossa “Samaria”. Que possamos sempre estar abertos à direção do Espírito Santo à missão nos confiada.
O poder e a direção do Espírito como elementos essenciais no cumprimento da missão e notório também no ministério do apóstolo Paulo. Ele é escolhido pelo Senhor para pregar aos gentios, aos reis e perante os filhos de Israel (At 9.15), mas antes precisaria ser cheio do Espírito Santo, e isso implica em desfrutar do poder deste Espírito (At 9.17).
A igreja de Jesus necessita da direção do Espírito para implementar as suas ações missionárias. A obra de missões está sob o comando do Espírito, e é Ele quem decide quem e onde a missão será realizada. Na igreja em Antioquia o Espírito deixou claro que tinha escolhido Barnabé e Saulo, e ordenou a separação de ambos para a obra missionária em outros lugares (At 13.2). A igreja separou os dois comissionados, jejuou, orou com imposição de mãos sobre eles e os despediram (At 13.3). Eles foram enviados pelo Espírito! (At 13.4).
O Espírito deve orientar a missão em todos os seus estágios. Já enviados, tiveram agora que atentar às diretrizes do Espírito para com as prioridades e urgências do campo missionário. Quando percorriam a região frigío-gálata foram impedidos de pregar a palavra na Ásia (At 16.6). Ao tentar ir para Bitínia, foram mais uma vez obstruídos pelo Espírito (At 16.7). O que fazer quando nossos planos missionários não aprovados pelo Espírito? Aguardar a sua direção é o mais sensato a ser feito. É preciso nesse momento “descer” a Trôade e lá esperar que o Espírito nos mostre para onde seguir (At 16.8).
É desejo do Espírito nos dar uma visão norteadora na execução da obra missionária. A nossa direção pode estar totalmente oposta àquela para onde Ele deseja nos guiar. Paulo teve uma visão onde um varão macedônio lhe rogava pedindo ajuda (At 16.9). Após a visão o texto nos permite entender que houve uma reunião para tratar sobre a mudança de rota, onde o grupo concluiu que se tratava de um chamado divino para proclamação do evangelho, fazendo com que partissem imediatamente (At 16.10). As decisões relacionadas à missão devem ter a participação de todos os envolvidos na tarefa missionária. A resposta deve ser urgente, pois não há tempo a perder na pregação do evangelho de Jesus aos povos.
Nos dias atuais temos ouvido do importante papel da igreja brasileira para com a obra missionária, onde se fala que Deus se instrumentalizará desta igreja para os seus propósitos missionários. Diante de tal possibilidade, é nossa a responsabilidade de atentarmos para aquilo que o Espírito tem a nos dizer. Sem o seu poder e a sua direção, nossos recursos humanos, materiais e financeiros não serão suficientes para o cumprimento da vontade de Deus, que é a pregação do evangelho e o ensino da palavra em todo o mundo e a toda a criatura (Mt 28.18-20; Mc 16.15).
No poder e na direção do Espírito a missão prosperará em seus objetivos para a glória de Deus!
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