Série Biografias - F.B Meyer
Estamos começando a nossa série Biografias com grandes nomes que tiveram um impacto no Mundo através da mensagem, obra e ministério é claro que a lista é imensa (então deixe seu comentário e opinião) e para essa série vamos começar com alguns nomes poucos conhecidos pela maioria dos Cristãos porém não pelo Cristo da glória.
Frederic Brotherton Meyer ou F.B Meyer foi um dos pregadores mais admirados da sua época, e por mais muitos anos foi uns dos principais preletores da famasa Conferência de Keswick. Segundo Spurgeon : “Meyer prega como um homem que viu Deus face a face”, seu local de nascimento foi na cidade de Londres no mês de Abril de 1847, em uma família de Cristã de origem Alemão.
Seu ministério iniciou no pastoreio de Igrejas em 1870. O seu primeiro pastorado foi na Capela Baptista de Pembroke em Liverpool.Sendo pastor na Capela Baptista de Priory Street, foi ouvir pregar D. L. Moody, o evangelista norte-americano. A sua primeira impressão foi confirmada por um dos seus professores de Escola Dominical, que veio a ele e lhe disse: “Irmão Meyer, a ilustração que esse pregador deu outro dia causou um impacto tão grande nas minhas alunas que houve muito choro, confissão e testemunho. Estamos seguros de que o Espírito Santo nos tomou; e tivemos uma experiência na nossa classe que não acreditará!”.
F. B. Meyer foi tão afetado pelo testemunho desse professor e daquelas alunas que quis comprová-lo por si mesmo, e logo chegou a comprovar a sua realidade. Desde esse momento, Meyer aproximou-se de Moody, e selaram uma amizade que durou por toda a vida. Meyer dedicou-se totalmente ao ministério pastoral em Leicester, com uma forte ênfase no evangelismo, provavelmente devido à influência de sua recente amizade com D. L. Moody.
O momento decisivo veio em 26 de Novembro de 1884, quando C. T. Studd e Stanley Smith visitaram a prospera igreja da qual Meyer era pastor (Melbourne Hall, Leicester). Um grande alvoroço levantou-se quando Studd e Smith, que eram desportistas conhecidos em toda a Inglaterra, juntamente com outros cinco estudantes universitários de Cambridge – conhecidos como os “Sete de Cambridge “- se ofereceram para ir como missionários para a China.
Meyer convidou as duas famosas personalidades a falar no Melbourne Hall pouco antes de deixarem a Grã-Bretanha. O que Meyer não suspeitava era o efeito que esta decisão causaria nele próprio.
Ele observou em Studd e Smith uma “fonte constante de repouso, força e alegria” que ele não tinha e que estava decidido a possuir. Era essencial para Meyer que a espiritualidade fosse prática, e isto foi exatamente o que ele viu naqueles dois jovens. Meyer foi a Studd e Smith para buscar conselho às 7:00 da manhã, um dia depois de reunir-se em Melbourne Hall, e eles insistiram que ele rendesse tudo a Cristo. Meyer então, “pela primeira vez” – assim ele afirmou – tomou a vontade de Deus como o objetivo da sua vida inteira. Esta declaração, “render-se a Deus”, expressava um elemento crucial da espiritualidade do movimento da vida mais profunda.
Uma espiritualidade prática
Quando a experiência de rendição de Meyer se tornou pública, os organizadores da Convenção de Keswick reconheceram-no capaz de tomar um lugar na tribuna de Keswick. Pediram-lhe que fosse um dos oradores durante a semana da Convenção de 1887.
Entre os anos de 1887 a 1928, ele dirigiu vinte e seis convenções Keswick e falou em numerosos mini-Keswicks na Grã-bretanha e em outras partes do mundo.
O ensino da santidade de Meyer, que durante as seguintes quatro décadas ele entregou aos seus ouvintes pelo mundo, seguiu as linhas traçadas pelos fundadores de Keswick, a qual Meyer deu uma contribuição distintiva.
Foi reconhecido rapidamente nos círculos de Keswick que Meyer tinha um poder excepcional para levar as pessoas à experiência da rendição. Ele constantemente voltava ao seu tema básico: os passos para a "vida abençoada".
Em 1883 foi publicada na Inglaterra "The Bitter Cry of Outcast London" (O Amargo Lamento da Proscrita Londres), que detalhava a pobreza, miséria e degradação sexual de Londres. Como consequência, o mundo cristão levantou-se com diversas iniciativas de ajuda aos necessitados.
F. B. Meyer fez dela a sua causa, e dedicou-se às pregações juntamente com os ambiciosos programas sociais, que incluíam a reabilitação de ex-sentenciados, prostitutas e alcoólicos. Uma das contribuições que Meyer tentou fazer foi criar fontes de trabalho. Uma delas foi 'F. B. Meyer - Firewood Merchant' (F. B. Meyer, Comerciante de Lenha) e o outro era um negócio de limpeza de janelas, para dar dignidade aos ex-presos através do trabalho.
Infelizmente, os resultados não foram sempre animadores. Na sua fábrica de lenha ele recebia os ex-sentenciados, e oferecia-lhes bons salários, um lugar para viver e, quando era possível, estímulo espiritual. Em troca, ele esperava que eles tivessem um bom rendimento. Mas eles não fizeram assim, e ele perdeu dinheiro. Finalmente, teve que despedi-los, e comprou uma serra circular impulsionada por um artefacto de gás. Numa hora, o trabalho rendeu mais do que os esforços combinados de todos os homens no período de um dia inteiro.
Um dia, Meyer teve uma pequena conversa com a sua serra: "Como podes trabalhar tanto?", perguntou. "És mais afiada do que as serras que os meus homens estavam a usar? Não? A sua folha é mais brilhante? Não? O que é então? Melhor óleo ou lubrificação contra a madeira?".
A resposta da serra, se pudesse falar, teria sido: "Eu penso que há uma energia mais forte por detrás de mim. Algo está a trabalhar através de mim com uma nova força. Não sou eu, é o poder por detrás de mim".
A partir desta experiência, Meyer observou que muitos cristãos estavam a trabalhar no poder da carne, no poder do seu intelecto, da sua energia, do seu zelo entusiasta, mas com efeito pobre. Eles precisam deixar que o poder de Deus através do Espírito Santo aja.possa atuar.
Meyer também empreendeu um ataque maciço contra os prostíbulos. Dizia: “Não há outro pecado que pode promover mais rapidamente a queda de uma nação do que a falta de castidade. Se a história ensinar algo, ensina que essa indulgência sensual é a via mais segura para a ruína nacional. A sociedade, ao não condenar este pecado, condena-se a si própria”. Através dos esforços de uma equipe especializada da igreja, 700 a 800 locais foram fechados entre 1895 e 1907 e foram feitos esforços para oferecer emprego alternativo e alojamento para as ex-prostitutas.
Em Janeiro de 1905, Meyer visitou o País de Gales para ouvir Evan Roberts. O poder que viu nas reuniões conduzidas por Roberts fez Meyer sentir-se como “um miúdo na escola do Espírito Santo”, e voltou para Londres decidido a estender a mensagem do avivamento. Em Abril de 1905, ele falou durante oito dias a grandes concentrações em Los Angeles, enfatizando o que ele tinha experimentado de Evan Roberts e do avivamento Galês.
Em 1891, Meyer fez a sua primeira viagem à América do Norte, convidado por Moody para falar na conferência anual que este convocou em Northfield, Massachussets. T. L. Cuyler informou no “New York Evangelist” sobre as multidões espiritualmente famintas que quiseram ouvir Meyer três vezes ao dia. Cuyler atribuiu a eficácia de Meyer ao fato de ele ser efetivamente um piedoso profundo e completamente prático. O sonho de Meyer provavelmente era que Northfield fosse uma Keswick americana. O seu formoso ambiente estava, comentou Meyer, em “estreita harmonia com o caráter devocional das reuniões”. Quando Meyer chegou a América em 1896, Northfield estava, nas palavras de Moody, “à espera de ser levada para a terra prometida”. De Northfield, Meyer, com apoio de Moody, pôde penetrar mais adiante no ambiente evangélico americano. Com a idade de 80 anos, ele empreendeu a sua décima segunda campanha de pregação nos Estados Unidos, viajando mais de 25.000 quilômetros e dirigindo mais de 300 reuniões.
Durante os anos de 1890, a mensagem de Keswick chegou a ser não só familiar aos cristãos na Grã-Bretanha e América do Norte, como também em muitas partes do mundo. Muitos missionários foram além-mar como resultado da influência de Keswick. Meyer estava orgulhoso do que ele chamava de “energia irresistível” que derivava da espiritualidade de Keswick e que produziu o que ele viu como um movimento missionário notável. O próprio Meyer foi reconhecido como o que mais fez para estender a mensagem de Keswick por todo o mundo.
O ministério de Keswick de Meyer levou-o numa jornada de 40.000 quilômetros ao Oriente e Médio-Oriente em 1909. Aonde quer que fosse, tentou ser pertinente com a realidade local, relacionando os grupos que foram dos armênios na Igreja Gregoriana em Constantinopla aos residentes de Penang, China, que vieram para ouvi-lo no salão do povo.
Embora Meyer tenha sido enfático em viver a vida de santidade prática, ele não era de nenhuma maneira indiferente à teologia. Ele falava da sua dívida com os pensadores da tradição Reformada, como o teólogo americano Jonathan Edwards. Mas a Cristandade, para Meyer, era finalmente (como ele disse em 1894) “não um credo, mas uma vida; não uma teologia ou um ritual, mas a possessão do espírito do homem pelo Espírito Eterno do Cristo Vivo”. Ele estava consciente, disse em 1901, que a Cristandade tinha sido “vergonhosamente maltratada” pelos evangélicos e outras classes de cristãos que tinham pensado que a Cristandade era totalmente uma questão de doutrina objetiva. Ele argumentava que era “grandemente e igualmente” subjetiva. Como um guia espiritual, e também evangelista prático e ativista social, Meyer sustentou que a consideração mais urgente para a igreja não era a ortodoxia do credo, mas a fé vivente.
Para Meyer, a piedade não significava só uma vida de contemplação, mas uma correspondente ação dirigida para o exterior. O próprio Deus, como Meyer O via, era um Deus de ação. Meyer era atraído para uma teologia que imaginava Deus como “um Peregrino” com o Seu povo. As reflexões de Meyer sobre a teologia em relação à espiritualidade continuaram até o fim da sua vida. Numa série de artigos no “The Christian” ( O Cristão), em 1929, Meyer valeu-se de grupos como os Valdenses do século XII, com o seu ministério radical na Itália, para ilustrar o seu ideal de verdadeira espiritualidade. Ele creu ter encontrado uma expressão similarmente autêntica de fé, em uma forma contemporânea, na posição de Keswick. Durante a sua vida longa e frutífera, pregou mais de 16.000 sermões. Foi autor de mais de 40 livros, incluindo biografias de personagens bíblicos (estudo dos seus caracteres), comentários devocionais, volumes de sermões e trabalhos explicativos. Também foi autor de vários folhetos e editou várias revistas.
Em espanhol, os editoriais CLIE e Vida publicaram vários dos seus livros. Entre eles: “A vida e a luz dos homens”, “Cidadãos do céu”, “Cristo em Isaías”, e a série “Grandes Personagens da Bíblia”. Os seus escritos são simples e atraentes, e estão ligados à experiências da sua própria vida. Numa das suas muitas viagens de navio, Meyer estava de pé na cobertura de um navio que se aproximava de terra. Enquanto a tripulação guiava a embarcação, ele interrogava-se como é que eles podiam navegar com segurança para o cais. Era uma noite tormentosa, e a visibilidade era baixa. Meyer olhou através da janela e perguntou: “Capitão, como sabe guiar este navio neste estreito porto?”. “Isto é uma arte”, respondeu o capitão. “Você vê essas três luzes vermelhas na margem? Quando todas elas estiverem em linha reta, eu posso entrar perfeitamente”.
Depois, Meyer escreveu: “Quando nós queremos conhecer a vontade de Deus, há três coisas que sempre precisam estar em linha: o impulso interior, a Palavra de Deus, e a disposição das circunstâncias. Nunca atua até que estas três coisas estejam em concordância”. Diz um escritor: “A redação dos seus sermões era simples e direta; ele polia os seus escritos como um artista pule uma pedra perfeita. Havia sempre uma imaginação resplandecente nas suas palavras; o seu discurso era pastoral, encantador como um vale inglês banhado pela luz do sol… Nos seus dias, grandes guerras foram combatidas. Os que foram ouvi-lo esqueceram-se das batalhas”.
F. B. Meyer passou para a presença do Senhor em 28 de Março de 1929.
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